Por WRI Brasil em WRI Brasil No melhor cenário, a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP26) precisa reconstruir a confiança de que a ação global e coletiva pode resolver os maiores desafios da humanidade. Depois do relatório preocupante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em meio a meses de eventos climáticos extremos sem precedentes e com impactos devastadores, governos e outros atores devem ir a Glasgow determinados a reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa (GEE) ainda nesta década e a enfrentar os impactos climáticos presenciados em todo o mundo.
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(Bloomberg) -- A sete dias do início da cúpula climática global em Glasgow, o ruído de anúncios e iniciativas está mais alto. Mas as chances de sucesso ainda são incertas.
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Primeiro, as boas notícias. Negociadores indicam avanço em um dos principais objetivos das negociações: estabelecer regras para um mercado global de carbono que, se bem planejado, ajudará a reduzir as emissões globais. O acordo não deve sair antes da cúpula em Glasgow e pode não ir em frente, mas sinais de partes importantes, incluindo do Brasil, são positivos. Seria uma grande vitória para a COP26, uma conquista que, segundo especialistas, seria o maior prêmio desta rodada de negociações.
BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - De 196 países virão mais de 25 mil pessoas no final deste mês, para uma única cidade: Glasgow, na Escócia. Lá, de 31 de outubro a 12 de novembro, elas terão a tarefa de encontrar caminhos para combater a crise climática, numa reunião chamada COP26. Geralmente anual, o encontro deste ano acontece depois de um hiato provocado pela pandemia de Covid. A conferência ocorre sob pressão para oferecer metas mais ambiciosas e maior esforço para cumpri-las.
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Mas, devido à escala da emergência climática, o Reino Unido, anfitrião da cúpula, estabeleceu ambições muito maiores para a rodada. Essas metas são as mais difíceis de serem alcançadas. O presidente da COP, Alok Sharma, quer “relegar o carvão à história” e tem se esforçado para convencer as principais economias a fecharem um acordo. Líderes do G20 se reúnem esta semana em uma cúpula que dará o tom da COP, e até agora as negociações sobre o carvão têm sido difíceis, com sinais de retrocesso em comparação com o início deste ano.
A crise de energia - que obrigou a China a elevar a produção de carvão - não ajuda. Nem as dificuldades que o presidente dos EUA, Joe Biden, enfrenta para aprovar sua agenda verde em casa.
Países desenvolvidos estabeleceram uma meta de US$ 100 bilhões em financiamento climático até 2020, objetivo que ainda não foi alcançado. Os Estados Unidos são os que mais devem e os que estão mais atrasados em contribuições. Embora a soma não seja suficiente para sustentar a transição energética necessária e zerar as emissões mundiais até 2050, a meta adquiriu um significado simbólico e o fracasso lançará uma sombra sobre as negociações.
Sob uma chuva fina, um grupo de ativistas climáticos americanos lança bombas de fumaça em Glasgow, cidade escocesa palco de uma COP26 crucial para o futuro do planeta que se prepara para receber líderes e manifestantes de todo o mundo. Shaun Clerkin, um residente de Glasgow, que observa os manifestantes americanos lançando bombas de fumaça, espera o pior. "Para ser sincero, acredito que a COP26 será um fracasso e uma mentira", opina o cidadão, de 60 anos, que acredita que os organizadores estão invadindo a vida dos habitantes, isolando os visitantes dos problemas sociais muito reais da cidade.
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Mesmo com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, dizendo que as negociações serão difíceis, os anfitriões focam em acordos menores paralelos para ajudar a resolver problemas específicos. Um pacto sobre o metano tem conseguido rápido apoio e poderia ajudar a ganhar tempo para que autoridades enfrentem metas de descarbonização mais rigorosas. Um acordo para combater o desmatamento está em andamento, embora o Brasil, um ator-chave em qualquer movimento para proteger florestas por causa da importância da Amazônia, ainda não tenha se comprometido.
Onde o Brasil tem mostrado disposição para agir são nas regras do mercado global de carbono, cobertas pelo Artigo 6 do Acordo de Paris. O fracasso em resolver a questão minou as negociações climáticas de Madri em 2019. Embora um acordo positivo - que permita a países e empresas negociarem compensações de alta qualidade - ajude a financiar projetos verdes importantes, uma meta muito baixa poderia, na verdade, acelerar o aquecimento global, dando aos compradores licença para poluir sem compensar significativamente essas emissões.
Sem presença de Jair Bolsonaro, delegação brasileira chega à Escócia com missão difícil: reduzir impacto negativo da política ambiental brasileira e, ao mesmo tempo, cobrar dinheiro de países ricos para projetos de redução do desmatamento.Lideranças de mais de cem países vão se reunir em Glasgow, na Escócia, para discutir novos compromissos para garantir a meta do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura média da Terra em 1,5°C. O Brasil tende a ser alvo de pressões por causa da aceleração do desmatamento desde que Jair Bolsonaro assumiu a Presidência.
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“Devemos ser cautelosamente otimistas em chegar a um acordo sobre o Artigo 6 e cumprir as regras do Acordo de Paris”, disse Simon Henry, diretor de desenvolvimento do mercado de carbono da International Emissions Trading Association.
A temperatura global já está 1,1°C acima dos níveis pré-industriais, o que significa que a diferença entre o que é necessário e o que está sendo feito é maior do que nunca. Se a COP26 será considerada um sucesso ou não, dependerá de como os observadores decidirão avaliá-la.
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©2021 Bloomberg L.P.
Líderes mundiais se comprometem a encerrar desmatamento até 2030 .
Brasil e mais de 100 países devem assinar declaração na COP26, que inclui financiamento bilionário. Boris Johnson fala em acordo "sem precedentes", enquanto ativistas temem "mais uma década de desflorestamento".Líderes de mais de 100 países se comprometeram, na noite desta segunda-feira (01/11), a interromper e reverter o desmatamento e a degradação de terras até o fim desta década, informou o governo do Reino Unido, que preside a COP26 em Glasgow, na Escócia.